terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Governo confirma segunda morte em rebelião dentro de presídio no Recife

Além do sargento da PM, detento também morreu nesta segunda-feira.
Outros 29 presos ficaram feridos no Complexo Prisional do Curado.

A Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) confirmou que duas pessoas morreram na rebelião ocorrida nesta segunda-feira (19), no Complexo Prisional do Curado, no Recife. Além do sargento da PM Carlos Silveira do Carmo, 44 anos, a segunda vítima fatal foi o detento Edvaldo Barros da Silva Filho. Fora isso, 29 presos ficaram feridos e foram atendidos em unidades de saúde da capital e dentro do próprio presídio.

A nota da Secretaria informa ainda que a rebelião foi controlada no final da tarde -- veja a íntegra da nota ao final da reportagem. Pela manhã, os presos realizaram ato pacífico no qual cobraram mais agilidade da Justiça no andamento dos processos.

O tumulto teve início no começo da tarde. Foram ouvidos disparos e barulhos de bomba. Por volta das 15h, um helicóptero da Secretaria de Defesa Social sobrevoou a área e teria efetuado alguns disparos.

Com toda essa confusão, o dia foi uma longa e aflita espera para os parentes dos detentos. Somente por volta das 21h40, uma assistente social do complexo leu uma lista com os nomes dos feridos que foram socorridos pelo Corpo de Bombeiros e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Após a informação, algumas familiares que estavam no local desde a manhã foram embora. O Batalhão de Choque continua dentro da unidade.

Morte do PM

O sargento foi atingido por um tiro quando inspecionava a guarita central que liga três unidades do complexo prisional. De acordo com informações da assessoria da Polícia Militar, ele ainda chegou a ser socorrido para o Hospital Otávio de Freitas, mas não resistiu aos ferimentos. A PM-PE decretou luto oficial na corporação por três dias. O delegado João Paulo Andrade, da 4ª Delegacia de Homicídios, foi designado pela Polícia Civil para apurar a morte do sargento.

A Secretaria de Ressocialização informou que as circunstâncias em que se deu a morte do detento estão sendo apuradas.

O presidente da Associação de Cabos e Soldados, Alberisson Carlos, foi ao complexo acompanhado por advogados e informou que a entidade vai acompanhar as investigações sobre a morte do sargento. "A gente não teve acesso ao interior do presídio, apenas conversamos com companheiros de serviço. A informação que tivemos foi que, heroicamente,  ele subiu [na guarita] para dar apoio, saber o que estava se passando, e no seu retorno foi atingido. Não podemos afirmar de onde partiu o tiro. Nosso dever é defender a classe e, assim, mobilizamos três advogados para o plantão jurídico e vamos dar apoio à família. A segurança pública precisa melhorar e quero aproveitar para pedir que o governo ouça as associações para saber o que nós estamos de fato precisando", comentou.

O Corpo de Bombeiros informou que, até às 18h, já havia socorrido seis feridos, sendo um levado para o Hospital Otávio de Freitas e outros cinco para a Restauração -- desses, dois já foram liberados. Os demais seguem internados, em situação estável.

Confusão após ato pacífico

A rebelião começou à tarde, após ato pacífico realizado pelos detentos no horário da manhã. Na manifestação, os presos cobravam mais agilidade da Justiça no andamento dos processos. Do teto dos pavilhões eles exibiam cartazes no com as frases: "Queremos a presença do TJPE [Tribunal de Justiça de Pernambuco", "Queremos [o promotor das Execuções Penais do Ministério Público] Marcelo Ugiette", "Fora [juiz da Vara de Execuções Penais do Recife do Tribunal de Justiça de Pernambuco] Luiz Rocha", "Preso [no] estado de Pernambuco passa 5 a 6 anos 'pra' ser julgado" e "Nossos direitos".

Um agente penitenciário que não quis se identificar contou à reportagem que os presos também se queixam da superlotação.

O tumulto teve início no começo da tarde. Uma equipe do NETV ouviu ruído de tiros e bombas e observou pelo menos treze presos feridos sendo socorridos por outros reeducandos. Por volta das 15h, um helicóptero da Secretaria de Defesa Social sobrevoou a área e teria efetuado alguns disparos. Os presos, então, começaram a sinalizar o fim da manifestação, exibindo lençóis brancos.
Presos, armas e festas

A confusão ocorre no mesmo pavilhão onde, no início do mês, um cinegrafista da TV Globo captou imagens de presos utilizando facões e celulares dentro do complexo prisional. Um vídeo mostrando a realização de festas e fabricação de cachaça artesanal na unidade também foi divulgado. Após as denúncias, o governo do estado prometeu reforçar a segurança e adotar medidas para evitar problemas no presídio.

Veja nota oficial divulgada pela Secretaria-executiva de Ressocialização:

"A Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) informa que foi controlado no fim da tarde desta segunda-feira,19, um tumulto no Complexo Prisional do Curado, no Recife. Para garantir a ordem, houve reforço no número de agentes penitenciários e o apoio da Polícia Militar na tarde de hoje, após radicalização do movimento, com agressões contra os agentes públicos e danos ao patrimônio. As medidas adotadas pelo policiamento foram as adequadas para garantir a segurança no local e a integridade física de todos no Complexo Prisional.

Infelizmente, o episódio resultou nas mortes do Primeiro Sargento da Polícia Militar Carlos Silveira do Carmo e do reeducando Edvaldo Barros da Silva Filho. Vinte e nove detentos ficaram feridos e foram atendidos em unidades de saúde do Recife e no próprio complexo prisional.

O Governo do Estado presta solidariedade à família do Sargento Silveira, que faleceu no cumprimento do seu dever, em defesa da sociedade.

Entre as medidas já anunciadas pelo Governo do Estado para o sistema prisional em janeiro estão a conclusão  e entrega do Complexo Prisional de Tacaimbó, da Cadeia de Santa Cruz do Capibaribe, do Presídio de Itaquitinga e reforma e ampliação do Cotel e do Complexo Prisional do Curado.

O Governo também lamenta a morte do reeducando e reafirma que fará o que estiver ao seu alcance para manter a ordem e a segurança dentro das unidades do sistema prisional".

G1/pe.com

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